quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O Templo

O DIA QUE DEUS SENTOU-SE AO MEU LADO

Acordei estes dias com Deus sentado ao meu lado. A primeira coisa que ele me disse foi que não se chamava “Deus”, aliás, ele deixou muito claro que o nome dele era impronunciável, e que para nossa compreensão das coisas, ele havia inventado as línguas, a palavra, a história dos homens na Terra, portanto, eu podia chamá-lo de “Deus”, já que eu era humano e minha compreensão dos propósitos é limitada como minha própria humanidade. Ele tampouco me mostrou seu rosto, nem me disse como era. Perguntei a ele se éramos mesmo feitos à imagem e à semelhança Dele, e ele riu, disse, são sim, como são todos os seres vivos da terra: animais, vegetais e riu mais ainda quando me contou que mesmo os minerais, imóveis, têm sua forma de vida, sua existência, como tem o vento, a chuva, as moléculas, os átomos, o código genético e pediu que eu olhasse para as asas das borboletas, que, mesmo sendo da mesma espécie, guardam sutis diferenças entre si...depois, Ele me revelou outro segredo: como seu nome era impronunciável e que todas as coisas faziam parte Dele, Ele não tinha sexo, fiquei sem jeito, como assim não tem sexo, ele me respondeu, porque não preciso ser homem ou mulher, mas sou homem e mulher, tudo que vive está em mim.

Intrigado, perguntei-lhe o que fazia ali àquela hora, Ele, ou Ela, riu mais e disse com seu bom-humor contagiante, e quem disse que estou, para mim não há passado, não há presente nem futuro, e há os três, o tempo é meu, não é de vocês. Perguntei a Ele porque nos criara e Ele me explicou que queria que alguém acompanhasse sua obra, cuidasse dela, aliás, como Ele ensinou aos profetas de todas religiões – e frisou muito bem, falou assim mesmo, de todas, dos pequenos índios que dançavam em torno da pedra, de Maomé com sua revelação apaixonante, dos africanos com seus tambores e lindas canções que foram uma das primeiras comunicações com o plano divino, de Buda iluminado e falou também de seu muito amado filho Jesus, doce Jesus, que foi massacrado na cruz por causa da crueldade humana que, se há dois mil anos atrás era muita, hoje ficou pior, pois se mata com o apertar de um botão. Deus me contou que estava com medo de nós e por nós...

Me contou que isto o entristecia profundamente, que nós não só não havíamos compreendido a Sua Essência, como havíamos enlouquecido pelo consumo desenfreado, pela falta de respeito ao próximo e às diferenças, pelo mau uso das tradições religiosas e por não amarmos a sua obra. Perguntei se havia algo que eu podia fazer, Ele riu, passou a mão na minha cabeça, e me disse: volte a sonhar e lembre-se de que sempre a esperança renasce a cada vez que nasce uma criança, cada vez que comemos o sagrado alimento, cada vez que bebemos algo que é mais lindo que o diamante, a água cristalina, cada vez que a flor se abre, cada vez que o arco-íris se desenha no céu, ainda há esperança. Desesperado, pois vi que Ele já ia embora, perguntei o que eu devia fazer para manter aquele sentimento no coração e ele me respondeu: seja bom com as pessoas. Lembre-se do que inspirei ao profeta, que relatou o que disse Meu Filho Amado: Não julgueis para não ser julgado e ame ao próximo como a ti mesmo.

Então, eu quis questioná-Lo mais, e por que tanta dor, Senhor, por que a gente passa por sofrimentos e ele, gentil, me disse: porque vocês o criam, porque vocês permitem, porque vocês deixam...e quando as tragédias nos assolam, as doenças, por que essas coisas acontecem? Ele me beijou entre os olhos e me respondeu: para que vocês entendam que tudo é sagrado, que a vida é sagrada, que tudo de bom que lhes oferto é um presente: a saúde, o alimento, a paz. O meu Templo é o coração de vocês, não os prédios que vocês constroem. Porém, não se preocupe: todas as vezes que as dificuldades surgirem, se o seu templo estiver limpo, lá eu estarei. Faça do seu dia a sua devoção, faça de tudo que eu presenteio a sua verdade. Agora, volte a sonhar, e não se preocupe, eu sempre estive, estou e estarei aqui.

E Deus foi embora, mas prometeu que voltaria sempre que eu quisesse ou de que precisasse em meus sonhos, obras e orações, independentemente de quem eu fosse, de minha religião, raça, credo, sexo ou conhecimento. Agradeci e voltei a sonhar, por isto, escrevi este texto. Para lembrar que o Natal é de todos, que, independentemente de nossa cultura, de nossas crenças ou de nossa subjetividade, é bom sabermos que não estamos sós e que se o filho Dele, que nasceu em uma gruta forrada de palhas e rodeado por animais, foi capaz de morrer por nós, nós precisamos aprender a nascer outra vez, todos os dias, por Cristo e por toda a Humanidade, 

Feliz natal a todos!
Texto: Teacher Vinny - Professor e Educador na Casa do Zezinho




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